A educadora Sara da Silva Pereira é doutoranda em educação pela UFPR, pesquisadora no NEABI/UFAC e participa do grupo de estudos e pesquisas ErêYá.
Nós aqui da redação da Revista Pilares do Saber a muito nos apaixonamos pelo trabalho e pela pessoa da Sara Brown, desde a época da Revista Amor & Vida.
Sara é uma grande entusiasta! Professora por vocação e escolha, que vem se dedicando às crianças a mais de 30 anos. Sua paixão é tamanha que acabou virando seu campo de pesquisas, onde ela vem se dedicando à melhoria da educação e a defesa da infância. Graduada em Pedagogia e em Letras/Português/Espanhol e suas literaturas, Sara também é poeta e ficcionista. Mestre em diversidade, diferença e desigualdade social na educação, utiliza a literatura para promover possibilidades que o uso de livros em sala de aula pode trazer para a construção de um mundo melhor e, sobretudo, antirracista. Confira nosso bate papo sobre diversidade social na educação:
" Quanto mais livros oferecemos as nossas crianças, mais chances elas terão de se tornarem leitores e se essas obras contemplarem a diversidade étnico- racial de forma positiva, assim elas aprenderão a conhecer as diferenças, valorizando-as e respeitando-as."
Pilares: Quem é Sara Brown?
Sara: Sara da Silva Pereira é a primeira filha de uma família de quatro irmãs e um irmão -irmã da Simone, da Silvane, do Marcos e da Jessica; mãe do Bruno, avó do Oliver, esposa do Edinei. Uma mulher simples, que gosta de curtir a vida ao lado das pessoas que ama. Apaixonada pelos estudos, nunca parou e está sempre em busca de novos desafios. Professora por vocação e escolha, vem se dedicando às crianças há mais de 30 anos. Por isso, traz as crianças também para as suas pesquisas e vêm se dedicando à melhoria da educação oferecida a essas crianças, sempre em defesa das infâncias. Atualmente, é doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná, participa do Grupo de Estudos e Pesquisas ErêYá e faz pesquisas no NEABI da Universidade Federal do Acre.
Pilares: Você é mestre em diversidade e desigualdade social na educação. Pode nos contar mais sobre a importância do tema?
Sara da Silva Pereira. Fonte: Arquivo Pessoal.
Sara: Acredito ser de extrema importância que as pessoas que trabalham na área da educação, como eu, conheçam os aspectos referentes à diversidade, à diferença e a desigualdade social, uma vez que estamos lidando diretamente com as crianças e precisamos compreender como cada um desses conceitos afeta a vida delas. Entender como se engendram as relações em nossa sociedade e como os tensionamentos podem reproduzir formas desiguais de poder é primordial para pensar em educação de qualidade, igualitária e mais equânime em que todos e todas tenham oportunidades.
Pilares: Sobre relações Étnico- Raciais, o que seria importante ressaltar para a sociedade?
Sara: Que são relações nem sempre pautadas na igualdade, por isso, precisam ser constantemente pensadas, avaliadas e re-educadas, uma vez que aquelas já existentes se baseiam em relações desiguais de poder estabelecidas entre os diferentes povos. Questões como esta, não são exclusas da escola, uma vez que dizem respeito a toda sociedade brasileira, pois, debater relações raciais compreende falar sobre: Negros, Brancos e Indígenas, na tentativa de entender e Ressignificar o papel relegado a cada um na história, desconstruindo estereótipos. O racismo está presente e permeia a sociedade brasileira, trazendo consequências para quem é vítima deste e precisamos de esforço de toda a sociedade para erradicá-lo!
Pilares: Além de professora e pesquisadora, sabemos que você é escritora e poeta. Como a leitura pode chamar a atenção e conscientizar a população para estas causas?
Sara: A literatura é arte e não foi produzida para ter função utilitarista, mas é fato que através dela aprendemos muito - sobre nós e sobre o outro; Ela se apresenta como uma forma de descobrir o mundo a nossa volta, com seus conflitos e soluções e ouvir histórias pode tocar as emoções das crianças, uma vez que está presente no universo infantil, seja através de livros lidos por elas e/ou para elas, ou através de histórias compartilhadas com elas, muitas vezes "de boca para ouvido", em rodas de leitura. Quanto mais livros oferecemos as nossas crianças, mais chances elas terão de se tornarem leitores e se essas obras contemplarem a diversidade étnico- racial de forma positiva, assim elas aprenderão a conhecer as diferenças, valorizando-as e respeitando-as. Por isso, pensar na literatura como uma possibilidade dessa reflexão, além de ser uma forma de estabelecer vínculos com as crianças, ainda pode romper com o racismo que estrutura a sociedade, uma vez que fomenta reflexões sobre práticas antirracistas para o universo infantil.
Pilares: Aproveitando o engajamento, sabemos que você é uma grande entusiasta e incentivadora da leitura em suas diferentes formas. Por outro lado... Sabemos que em nossa cultura, dentro da língua portuguesa temos várias expressões e palavras de cunho racial que ainda hoje são usadas. Pode nos explicar sobre o tema e de que forma ele ainda trás resquícios de uma sociedade que sofreu abusos no passado?
Sara: Vivemos em uma sociedade em que o racismo é estrutural e estruturante! Por isso, muitas vezes não percebemos como a nossa cultura está arraigada de palavras, imagens, concepções e estereótipos racistas. Um exemplo, como você bem pontuou é o nosso vocabulário: O termo "negro/preto", aparece, em sua maioria das vezes, de forma pejorativa, associado a coisas negativas. Se fizermos uma pesquisa iremos encontrar diversas palavras racistas em nossa língua. Elas reforçam estereótipos a muito reproduzidos pela nossa sociedade em relação a alguns povos, naturalizando o preconceito e a descriminação. Nos livros de literatura infantil, isso não foi diferente! Até bem pouco tempo atrás era comum encontrarmos palavras pejorativas utilizadas para se referirem aos personagens negros. Atualmente, encontramos livros que contemplam a diversidade étnico- racial brasileira de forma positiva, através de narrativas de imagens que tratam toda a beleza dos povos.
Pilares: Quais as dicas para que pais e profissionais de educação possam auxiliar a mudar este cenário através da literatura?
Sara: Já se sabe que a literatura é um dos veículos que colaboram na constituição de uma sociedade e que, portanto, são necessárias produções nas quais as referências positivas estejam presentes. Uma dica é apresentar bons livros em que a diversidade étnico- racial esteja presente, assim possibilitarão que as crianças não apenas reconheçam e valorizem a diversidade, mas também façam associações com a vida real e com modos mais humanizados de convivência. Quando as crianças pequenas têm acesso a apenas um tipo de literatura infantil, que não contempla esse tipo de diversidade, ainda possibilita à ruptura de uma visão supremacista instaurada na literatura infantil. Como diz uma autora que eu gosto muito, a Sonia Rosa "Quem conta uma história abraça"; Então, abracem essas crianças com bons livros em que a diversidade esteja contemplada, para que elas se sintam acolhidas e representadas e para que conheçam outras realidades, viajando por outros mundos, talvez mais amenos e onde as crianças sejam quem elas quiserem, acreditando em dias melhores!
Gostou das dicas? Sara hoje dirige o Departamento de Educação Infantil na Secretaria de Educação em São José dos Pinhais. Autora de artigo científico selecionado pelo Edital Equidade Racial na Educação Básica, do Itaú Social e parceiros. Foi a escritora homenageada da 7ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa. Confira sua entrevista sobre o tema clicando aqui.
Confira abaixo um pouco do seu trabalho como contadora com EreYá Outros contos africanos, com Sara Brown:
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Escrito por: Silli Ferreira, Psicopedagoga do
Pilares do Saber.
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